EPILEPSIA
As síndromes epiléticas são as desordens neurológicas mais comuns nos
cães. Esta síndrome é caracterizada por um conjunto de sinais clínicos que
ocorrem juntos, geralmente autolimitado, aparecendo e desaparendo, com
recorrência maior ou menor frequência nos casos não tratados adequadamente. As
crises, ataques ou convulsões são termos com os quais se definem de modo geral
aqueles transtornos de aparecimento súbito que tem como origem uma disfunção
cerebral. A epilepsia é mais do que convulsões, pois está associada a uma
ampla variedade de fenômenos clínicos que podem refletir uma atividade
convulsiva, como por exemplo, um mal estar, uma ausência ou mesmo, sinais gastrointestinais. Portanto, o reconhecimento
da epilepsia implica na identificação dos diferentes tipos de crises que o
paciente possa vir a apresentar.A Comissão de Classificação e Terminologia da
Liga Internacional contra a Epilepsia (ILAE) publicou em 2010 novas propostas
de classificação das crises epiléticas e das epilepsias (epilepsia genética,
epilepsia de causa estrutural/metabólica, e epilepsia de causa desconhecida).Alguns
estudos científicos têm comunicado uma base genética para cães das raças
Beagle, Dachshund, Retriever Dourado, Labrador, Ovelheiro Belga, Springer
Spaniel Inglês, Cão de Bernese, entre outros.
Entretanto, a presença de uma crise cerebral não é necessariamente o
indício de epilepsia genética ou de origem desconhecida. É importante ressaltar
que em muitas patologias que cursam com convulsões o tratamento com drogas
anticonvulsivantes pode vir a ocasionar mais efeitos adversos do que benéficos.Em
geral não se deve medicar um animal que apresente uma crise epilética única ou
ocasional, porém deverá ser iniciada uma investigação diagnóstica.
Para a determinação do
possível diagnóstico, aavaliação clínica deve incluir a história do paciente,
um detalhado exame físico e neurológico, e um perfil laboratorial incluindo
hemograma, bioquímica sanguínea e urinálise. Eletroencefalografia, exames de
imagem do cérebro (TC, RM) e análise do fluido cerebroespinhal, podem auxiliar
na determinação do diagnóstico presuntivo.A observação de atividades que levem à
suspeita de episódios convulsivos, vídeos, relatos precisos dos proprietários
são essenciais para auxiliar na determinação da epilepsia.
Com a análise dos exames complementares, associado ao exame físico e ao
histórico do paciente, é possível traçar um tratamento adequado. Após a
determinação da terapia mais indicada à situação clínica do paciente, o
proprietário deverá se comprometer em medicar corretamente o seu animal
conforme a orientação do médico veterinário. Do mesmo modo, deverá realizar as
mensurações periódicas dos fármacos, monitorar os potenciais efeitos adversos e
comunicar quaisquer sinais clínicos novos que possam ocorrer. O manejo do
paciente epilético depende da participação ativa e responsável do proprietário.
As drogas de primeira e de segunda geração utilizadas em monoterapias ou
em combinação de fármacos de acordo com a situação clínica do paciente.Há um
percentual de animais que são refratários às drogas antiepiléticas, devendo-se
buscar a melhor terapia medicamentosa com mono ou associações
de drogas. É importante salientar que se
trata de uma terapia sintomática, que não previne e nem cura a epilepsia, mas
permite uma melhoria significativa na vida do paciente e de sua família.
Texto escrito pela Professora Mestre Beatriz Kosachenco.
Atua como cirurgiã veterinária no Hospital Veterinário da Ulbra, com experiência na área de Cirurgia Geral, Ortopedia e Neurologia desde 1998.
Sua última especialização foi recentemente em Buenos Aires com Dr. Fernando C. Pellegrino, professor da Universidade de Buenos Aires e membro da Associação Latinoamericana de Neurologia Veterinária.